insituável

A identificação ou o significado geográfico de uma imagem nos permite construir diversas leituras sobre as informações contidas na mesma. A não identificação imediata de sua origem geográfica admitida por mim como uma ageografia visual, é quando olhamos para uma determinada imagem e não encontramos referências a espaços geográficos conhecidos, ou mesmo passíveis de sua existência, aqueles presentes nos sonhos.

Ao olharmos para uma foto, podemos reconhecer pessoas e lugares vividos. Contudo, ao acumularmos tais informações visuais é possível que ocorram sobreposições de alguns aspectos presentes em tempos e lugares distintos, resultando um estado de condensação de fatos.

Ao adotar procedimentos para construir uma poética instaurada nas especulações do visível, com uso da imagem fotográfica percorrendo diversos meios de apresentação, a obra “insituável” é um trabalho que reúne alguns elementos presentes nas questões atribuídas à apropriação de imagens, deslocamento do significado visual, referências ao precário, o cotidiano, instabilidade do visível e o tempo. O tempo atribuído a uma imagem fixa está sempre associado ao ato fotográfico quando a imagem foi realizada. Porém, é importante salientar que é possível intervir nesta afirmativa, pois a aplicação de simples medidas pode deslocar a nossa percepção de tempo quando reapresentamos a imagem num meio cíclico, como num vídeo em constante retorno.

“Insituável” foi produzida quando procurei discutir a imagem em movimento a partir da imagem estática, a fotografia. A imagem escolhida para compor o vídeo “Insituável” refere-se ao prédio em estado de abandono localizado no centro da cidade de São Paulo, o conhecido treme-treme, Edifício São Vitor. A estrutura de sua fachada corrobora para uma estética do precário, onde podemos observar detalhes dos objetos utilizados em substituição daqueles que normalmente encontramos nos edifícios ocupados por pessoas que possuem poder econômico suficiente para ter uma moradia digna. A composição chamava a atenção para o encontro entre a organicidade dos elementos usados pelos ocupantes dos espaços e a geometria definida pela estrutura arquitetônica aparente. A dissonância é apresentada em “Insituável” a partir da imagem em movimento de uma cena estática, uma fotografia.

Qual a diferença entre um frame e uma foto? Neste trabalho os limites estão borrados, pois o registro do tempo numa cena entra em choque com a realidade que ele apresenta, de um tempo passado, fixado numa foto. A surpresa preparada na produção do vídeo nos faz despertar para a cena em questão. Logo, ao descortinar a real situação da gravação em vídeo, nos deparamos com o engano gerado no trabalho, onde tempo, imagem e som são partícipes de uma história situada na ageografia da imagem.

insiteable

The identification or the geographical meaning of an image allows us to build several readings on the information contained in it. Failure to immediately identify their geographical origin, I have named this visual ageography, is when we look at a particular image and are not able to find references to known geographical areas, or even subject to their existence, those present in dreams.

Looking at a picture, we can recognize people and places lived. However, as we acumulate such visual informations, it is possible to overlap some aspects present in different times and places, resulting in a state of condensed facts.

By adopting procedures to build a poetic established in the speculations of the visible with the use of photographic images covering various means of presentation, the piece "insiteable" is a work that brings together some elements present in the issues related to the appropriation of images, displacement of visual meaning, references to the preacarious, the everyday life, instability of the visible and time. The time allocated to a still image is always associated with the photographic act when the image was taken. However, it is important to note that it is possible to intervene in this affirmation, for the application of simple measures can shift our perception of time when we are re-presented the image in a cyclical environment, such as a looped video.

"Insituável" was produced when I tried to discuss the moving image from the still image photography. The image chosen to compose the video "Insiteable" refers to a building presently in a total state of abandon located downtown São Paul, Sao Victor Building also known as Building Treme-Treme. The structure of its façade corroborates the aesthetic of the slum, where you can see details of objects used to replace those normally found in buildings occupied by people who have sufficient economic power to have decent housing. The composition drew attention to the meeting between the organic elements used by the occupants of the spaces and the geometry defined by the apparent architectural structure. The dissonance is presented in "Insiteable" from the moving image of a static scene, a photograph.

What is the difference between a frame and a picture? In this work the boundaries are blurred, as the record of the time in a scene is at odds with the reality that it presents, in a past time, set in a photo. The surprise prepared in the production of the video makes us wake up to the scene. Therefore, as real situation is revealed in the video recording, we face the error generated at work, where time, image and sound are participants in a story situated in the non-geography of the image.